quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009



MANIFESTO DA CASA DAS ARTES

Já provei que sou mais forte que a dureza deste chão. De esperanças são meus olhos; de coragem o coração. De poesia, canto e sonhos ergui minha construção.
ZECA TOCANTINS

Cantamos nossa música, mesmo negada, reprimida e descartada, por que sabemos que se não cantarmos as águas do rio ferverão.

Assumimos nossa pintura, nossos traços e formas imaginárias, por que sabemos que se não pintarmos o mundo com outras cores, se não reinventarmos o mundo os céus desabarão.

Clamamos nossos personagens em riso e choro por que sabemos que se não vivermos as dualidades no palco, nossas almas terão sido roubadas e os deuses enfurecidos cobrarão de nós cada aplauso não recebido, cada vaia engolida.

Projetamos nossas películas aos poucos roídas pelas traças do descaso e engolidas pela promessa de salvação na inércia, pois sabemos que nossos olhos nos serão arrancados se esquecermos a beleza de Fellini, a verdade de Serguei Eisenstein, a brasilidade de Glauber Rocha...

Recitamos nossos versos antes esquecidos nas prateleiras, nas gavetas, na garganta, pois sabemos que verso esquecido é verso morto, e a nós bastam as mortes geradas na barriga da ganância.

Lançamos nossas vozes e nossos corpos às ruas como quem se entrega ao fogo, sem temores, sem receios e gritamos sem medo: Mentira!
Mentira!
A espada que lançaram contra nós, não acertou nossos olhos.
Mentira!
Não somos escravos do medo.
Mentira!
Não somos os únicos arautos nessa marcha contra o descaso, contra os gemidos da fome à luz das noites assombrosas e dos dias escuros de falsas promessas.
Somos uma multidão!

E já sabemos identificar o cheiro, a sombra, a face, até mesmo a respiração dos nossos inimigos e marchamos contra eles, cantando, dançando, teatrando, esculpindo, pintando e poetando. Nossas armas contra a barbárie, pois não sabemos e não queremos viver de outra forma.

Lançamos nosso grito há tanto tempo espremido, rouco, tímido ou solitário por que sabemos que “se nos calarmos, as pedras falarão” .

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ô de fora! pode entrar!